quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Fantasma de Jack, o Estripador

O Assassino de Whitechapel ainda assombra a pérfida Albion

Jack, o estripador
Os assassinatos perpetrados durante o último mês de 1888, e atribuídos ao maior "serial killer" de Londres, constituem o maior enigma da história criminal. Todas as vítimas foram degoladas, mas o qualificativo de estripador (ripper - rip = rasgar) provém do fato de todas as vítimas terem tido o ventre dilacerado e os órgãos extirpados. É impossível descrever com mais detalhes a natureza dos ferimentos, dado o seu horror.

Buck\\`s Row, 31 de agosto de 1888, 3h40. A viela está iluminada apenas por um candeeiro. George Cross, comerciante, vai para o trabalho. Na calçada, vê algo parecido com um grande fardo. Na verdade, trata-se do corpo de uma mulher. A infeliz teve a garganta cortada de uma orelha à outra. A lâmina penetrou até a coluna vertebral. A vítima tem entre 40 e 45 anos. Segundo o médico que efetua a autópsia, a arma utilizada deve ter sido um punhal, daqueles usados para cortar cortiça ou couro, com uma lâmina de 15 a 20 centímetros. Não há marcas sobre as roupas e os objetos pessoais limitam-se a um pente, um espelho quebrado e um lenço. A polícia identifica o corpo como sendo de Mary Ann Nichols, conhecida por Polly, 42 anos, 1,55 m, cabelos castanhos e um sinal particular, a falta de cinco dentes frontais.

Nascida em 1851, aos 12 anos de idade, Polly Walker casa-se com Nichols, funcionário de uma gráfica. Seis anos de casamento e cinco filhos. Ela é alcoólatra e o casal acaba por se separar. Nichols fica com a guarda das crianças e paga pensão à ex-mulher, até que ela começa a se prostituir. O álcool a deixa violenta, mas o fato de levar uma vida dissoluta e ser agressiva não basta para explicar o seu assassinato. Como primeira hipótese, a polícia acredita na ação de uma gangue de exploradores de prostitutas. No hospital, os policiais interrogam uma colega de Polly, Emma Smith, que fora atacada e espancada por quatro homens. Mas, sem forças para fornecer qualquer informação, morre em conseqüência dos ferimentos. Outra mulher é considerada como a segunda vítima da gangue, ou a primeira de Jack, o Estripador. Martha Tabram, nascida Turner, foi assassinada com 39 facadas e seu corpo encontrado em 7 de agosto, num imóvel em Whitechapel, no edifício George Yard Building (atualmente Gunthorpe Street).
Revista História viva

Brasil: Encilhamento, o Primeiro Pacote

O objetivo era promover a industrialização brasileira e estimular a atividade econômica do País. Mas o resultado foi um dos maiores surtos inflacionários do Brasil.

Populares se agitam em frente à Bolsa de Valores do Rio de Janeiro
Rui Barbosa (1849-1923) foi o primeiro ministro da Fazenda da história republicana do País, nomeado pelo chefe do governo provisório da recém-proclamada República dos Estados Unidos do Brasil, general Deodoro da Fonseca. Ministro e secretário de Estado dos Negócios da Fazenda, ele manteve-se no cargo por 14 meses.

Adepto dos ideais liberais, Rui Barbosa rechaça seguir os caminhos das políticas econômicas de caráter protecionista, as quais considerava "preconceito mercantilista do século 18 a refletir-se no século 19". Suas primeiras ações ministeriais concentram-se na elaboração da primeira Constituição republicana. Rui, preocupado em defender os interesses nacionais contra os descrentes da nova realidade política do País, foi o principal redator da Carta Magna.

A administração monarquista deixara-lhe um Tesouro falido, mas Rui é obstinado diante de seus objetivos de substituir a antiga estrutura agrária baseada na exportação de café, promover a industrialização e incentivar o crescimento econômico.

Para atingi-los, ele implementa uma série de medidas reformadoras - que atingem principalmente o crédito hipotecário e o crédito à lavoura e à indústria. Todas essas iniciativas obedecem ao sentido renovador que desejava implantar a fim de possibilitar o desenvolvimento das forças produtivas "entravadas por um aparelho estatal obsoleto e por um retrógrado sistema econômico e financeiro", como relata Nelson Werneck Sodré, em sua obra História da Burguesia Brasileira.
Revista História Viva

Legislação social e apropriação camponesa: Vargas e os movimentos rurais

Peasants' appropriation of social legislation: Vargas and peasents' movements


Marcus Dezemone
Marcus Dezemone é doutor em história e professor do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro dezemone@gmail.com

RESUMO

O artigo procura relativizar as interpretações que afirmam a exclusão material e simbólica do mundo rural da legislação social produzida e divulgada durante o Estado Novo (1937-1945). Os esforços do regime na divulgação da legislação social através do rádio e dos jornais foram apropriados por parte dos camponeses, como evidenciam depoimentos orais, cartas remetidas ao presidente Vargas, processos administrativos, e até mesmo ações judiciais fundamentadas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Tal apropriação camponesa permitiria sugerir relações entre os usos da legislação social e os movimentos sociais rurais que antecederam o golpe de 1964.
Revista Estudos Históricos

"Em busca de um lugar no mundo": movimentos sociais e política na cidade de São Paulo nas décadas de 1940 e 50



"In search of a place in the world": social movements and politics in the city of São Paulo in the 40's and 50'

Adriano Luiz Duarte
Adriano Luiz Duarte é doutor em história social e professor de história da UFSC adrianold@uol.com.br

RESUMO

Este texto problematiza o surgimento dos Comitês Democráticos e Populares (CDPs) e das Sociedades de Amigos de Bairro (SABs), no final do Estado Novo, e procura compreender suas conexões com os novos partidos e as novas lideranças políticas surgidas no contexto do pós-guerra. Argumenta, também, que é por conta desses nexos que tais movimentos sociais foram desconsiderados, por muitas décadas, como objetos de estudo.
Revista Estudos Históricos

Conflito social e movimento estudantil no Chile


Social conflict and student movements in Chile

Fernando de la Cuadra
Fernando Marcelo de la Cuadra é sociólogo formado pela Universidade do Chile, ex-professor do Mestrado em Estudos Sociais e Políticos Latino-Americanos da Universidade Jesuíta Alberto Hurtado, em Santiago, e doutorando do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da UFRRJ fmdelacuadra@gmail.com

RESUMO

O presente artigo busca refletir sobre a forma como o governo chileno de Michelle Bachelet reagiu ao conflito desencadeado pelos estudantes secundaristas a partir de abril de 2006. Além de avaliar as reivindicações estudantis, pretendemos compreender o posicionamento expressado por alguns setores do governo e da sociedade política diante da emergência do conflito social. Propomos uma interpretação da atual experiência chilena e latino-americana a partir daquilo que chamamos de "hipergovernabilidade", quer dizer, um empenho excessivo em manter a governabilidade através da "solução antecipada" das demandas da sociedade. A análise das mobilizações estudantis respalda nosso argumento a respeito do temor que existe diante do conflito social, e da desmedida preocupação do Estado com a paz e a coesão social.
Revista Estudos Históricos

Elites ministeriais e partidos políticos na transição democrática italiana

Ministerial elite and political parties in Italian democratic transition

Goffredo Adinolfi
Goffredo Adinolfi é doutor em história contemporânea pela Universidade de Milão e pesquisador do Centro deInvestigação e Estudos em Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) em Lisboa  goffredoadinolfi@hotmail.com

RESUMO

O artigo analisa as relações entre partidos políticos e elites ministeriais na transição democrática italiana ocorrida entre 1943, ano em que foi aprovada a moção de desconfiança do Grande Conselho do Fascismo contra Benito Mussolini, e 1948, ano em que teve início o primeiro governo constitucional. 
Nesse período sucederam-se nove governos, conviveram oito partidos, e assistiu-se a uma profissionalização da política. A partir dos dados apresentados em uma série de 11 quadros, são analisadas para cada partido três dimensões: a ideológica, a de seu peso no Executivo e a do perfil social dos ministros filiados.
Revista Estudos Históricos 

O desconhecido da Sorbonne: sobre os historiadores e "os anos" 68


The unknown of Sorbonne: on historians and the "68's"


Philippe Artières
Philippe Artières é doutor em história, pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e diretor do Centre Michel Foucault em Paris ph.artieres@wanadoo.fr

RESUMO

1968 aconteceu não apenas na cena parisiense, mas em um conjunto de lugares que foi revelado pelo alargamento da noção de "fonte", ocorrido com o interesse por arquivos privados, a valorização de fundos esquecidos, a constituição de fundos específicos, a abertura de arquivos públicos. Essas cenas marginais revelam outros atores, os personagens anônimos dessa história. O surgimento da figura do anônimo colocou no centro da disciplina histórica, e de modo mais amplo, das ciências sociais, esses indivíduos sem rosto. Foi como se a História tivesse sido capturada pelo acontecimento, e um novo tipo de saber tivesse emergido com ele.
Revista Estudos Históricos

John Watson Foster Dulles (1913-2008): a vocational historian

Maicon Vinícius da Silva Carrijo

Maicon Vinícius da Silva Carrijo é doutorando em história social na USP

A trajetória do historiador brasilianista John W. F. Dulles, recentemente falecido, seguramente contribuiu para o estabelecimento dos olhares enviesados de alguns brasileiros sobre os pesquisadores norte-americanos. Mais do que em qualquer outro percurso, podemos afirmar que a história de Dulles ofereceu o maior banquete para os olhares ávidos de desconfiança da intelectualidade local. O receio emanado dos brasileiros, fardo que foi ou ainda é mais pesado para alguns dos pesquisadores estadunidenses, teve no caso de Dulles potentes catalisadores.

Ao nos depararmos com esse historiador que desembarcou no Brasil como executivo de uma empresa de mineração em 1959, somos logo surpreendidos pela extraordinária importância de sua família nos meios políticos norte-americanos. Afinal, são poucos os historiadores que tiveram um pai, um avô e um tio ocupando o cargo de secretário de Estado dos Estados Unidos. O pai, John Foster Dulles, assumiu a função durante a presidência de Dwight D. Eisenhower, tornando-se amplamente conhecido por sua participação nas questões que envolviam a Guerra Fria e o combate ao comunismo. Como se não bastasse, Allen Dulles, outro tio do estudioso da história brasileira, tornou-se diretor da CIA (Central Intelligence Agency).
Revista Estudos Históricos